Alex Dusky (Criador da marca Roqueira e músico)

Alex Dusky


1 – Qual a história e o legado da banda Sex Noise? Como você começou e se afastou da música?

A música sempre me atraiu, mas era distante pro garoto de escola municipal, que morava em rua de terra, no bairro de Inhoaíba. Sempre sonhei ter um piano. Era o que me atraía. Mas só aos 17 anos consegui meu primeiro violão. Ganhei de Natal da empresa em que meu pai trabalhava, fábrica de discos da CBS (depois a Sony comprou). E vieram os CDs. Eu ia muito na fábrica, me lembro, meu pai me ensinou todo o processo de fabricação. Coisa linda.
Então conheci Larry Antha e Henrique Noise no ensino médio, nos tornamos amigos, montamos uma banda “virtual”. Anos depois a gente juntou aquele violão com a guitarra que pedi de aniversário de 18 anos! Era uma Giannini Sonic Vermelha. Achamos no lixo a carcaça de três peças de bateria, forramos com sacos de arroz, estavam sem pele. Roubei o “microfone” de um orelhão e consegui fazer uma gambiarra e ligar tudo isso na caixa ciclotron que veio com a guitarra. Era 1990 no terraço da minha casa.
Muitas histórias depois, em 1995 (ou 6?) estávamos assinando o meu nome em um mural com dezenas de outras assinaturas. Muitos dos meus ídolos musicais estavam ali naquela parede, no estúdio Nas Nuvens. Aquilo valeu por si só.
Tocamos em muitas cidades, conheci muita gente boa na estrada, aprendi bastante.
Chegamos ao nosso topo em 97, 98, com Franzino Costela tocando em rádios e alguns clipes na MTV.

2 – Na sua nova fase profissional, o que você pretende fazer com a marca “Roqueira”?

Eu pensei a Roqueira pra ser uma revista impressa. Tinha um sócio. O projeto cresceu. Tinha anúncio do governo para revista, que a essa altura tinha virado um jornal, um zine mesmo. Mas meu sócio preferiu usar os contatos e contratos para projetos próprios. Bem, não rolou.
Estou trabalhando no site roqueira.com.br e gostaria que fosse um espaço que trabalhe pelo rock brasileiro, ajudar aos artistas na divulgação, fazer prospecção de público, vai ter lojinha pra vender umas camisas, posters e lances assim que desenho, isso é importante para que o site se sustente.

LER  José Enokibara (Poeta, livreiro e amigo dos imortais)

3 – Como você descreve seu novo trabalho conceitual?

Meu trabalho novo na música é feito de elementos meus, mais do fundo, pré anos 90, estou indo nas minhas raízes, nas serestas no quintal do tio Eudes, nas influências musicais de fora do rock, e seguindo os instintos para tentar juntar Lé com Cré. Não sei como o som se enquadra, não é aquela conversa de sempre. Tenho um experimento no novo som, algo que venho estudando, sobre frequência em hertz e suas aplicações quânticas. As letras e tudo mais é carregado de energia. Isso não quer dizer nada além do que estou dizendo. É a expressão digital sonora do processo mais doloroso e transformador pelo qual atravessei, e estou aqui vivo para contar e vou lançar em breve.

4 – E sua formação em cinema? Irá voltar a atuar nesse meio de alguma outra forma? Irá se formalizar?

Eu tive duas produtoras depois que me formei, em 2009. Dirigi alguns clipes, estava indo bem até os eventos “políticos” colocarem Michel Temer na presidência e acabarem de (Novamente, Collor já havia feito isso em 90) com os mecanismos de sustento da Cultura.
Estou me reestruturando física e mentalmente. Montei um grupo com amigos, para escrever um roteiro, que iremos filmar.

Desde que adoeci em 2016 as coisas passaram a ser bastante duras. Meu pai era quem me dava suporte. Ele faleceu em 21. Veio a miséria, fiquei sem remédios, fui tomado pela depressão e um ano depois tentei me matar. Acordei com um cara tentando enfiar uma sonda pelo meu nariz, mas ela batia e não entrava, apesar de delirando falei: “tenho desvio de septo” e ele conseguiu. Apaguei. Acordei de novo me afogando, aspirando o líquido do estômago cheio. Enfim, sei que isso é um drama, sei que ler isso dispara gatilhos em muita gente, não quero causar dano a ninguém, mas foi algo que fiz, achava que era a saída que eu tinha para parar a dor, mas não gostei de nada do que rolou.
Parei de tratar os sintomas e graças a uma super amiga, a Aline Ventura, pude fazer terapia com a psicóloga Aline Debatin, que me ajudou a sair do fundo do poço. Moro sozinho, estou conhecendo novos sentimentos, muitas coisas novas na vida, bastante coisa pra limpar e arrumar, e o que sinto em relação a tudo é a famosa gratidão. Sinto real, não como artifício do ego pra disfarçar. Só quero fazer as coisas que amo, no meu tempo e na paz.

LER  Johandson Rezende (Artista visual, cartunista e figura do underground carioca)

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